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Provavelmente você já deve ter ouvido falar em fintechs. Talvez também em edtech, agrotech, healthtech…E Sports Techs? Todos os termos se referem a empresas que promovem inovação em setores estratégicos, como, respectivamente, o financeiro, de educação, agronegócio e saúde. No Brasil, as sport techs ainda não pegaram, mas é questão de tempo. Afinal, o país tem 1,6% de seu PIB vindo dos negócios envolvendo esportes e é protagonista em performance de uma série de modalidades. Só o futebol é responsável por 0,9% de todo a riqueza gerada no país, segundo dados da Pluri Consultoria – e isso já deveria ser suficiente pra abrir nossos olhos. 

As Sports Techs representam um dos setores com maior taxa de crescimento mundial, quando o assunto é inovação. Aumentaram mais de 30% seus níveis de investimento em 2018 e atingiram a marca de quase 8 bilhões de dólares levantados no período, só nos EUA. Inclui-se aí a indústria de esportes eletrônicos, uma das principais responsáveis por estas altas taxas. Para além dos expressivos números, estamos às vésperas da década em que a tecnologia alterará definitivamente os esportes centenários que conhecemos hoje. A adoção recente do VAR no futebol é apenas um dos indicativos deste caminho sem volta e que será cada vez mais rápido. As mudanças na forma de transmissão também afetarão sensivelmente a dinâmica das modalidades e tudo está deliciosamente por vir.

É exatamente isso que explica o fato que, dentre os diversos setores abraçados pelas Sports Techs, “Media and Broadcast” seja tido como a grande aposta, especialmente no que diz respeito à velocidade da transformação. Com uma concorrência cada vez maior pela atenção de consumidores com menos tempo disponível, e sendo disputados por cada vez mais estímulos, a forma de se comunicar o esporte também passa por mudanças estruturais. Com a solidificação do modelo OTT na Europa, Asia e Estados Unidos, as ligas nacionais diminuem de importância por si, passando a ser tratadas como eventos de relevância internacional – e se não for assim, serão menos interessantes até para o público interno de cada país. As redes sociais se integram como segunda ou até primeira tela de consumo na mão da geração economicamente ativa. As estatísticas entram no jogo e se misturam a novas estratégias de engajamento de fãs e torcedores. Neste contexto, vemos empresas como a HEED, que recebeu cercada USD 35 milhões de investimento do SoftBank para acelerar sua tecnologia que usa inteligência artificial e o conceito de IoT para traduzir o jogo em dados e promover uma nova experiência em tempo real através do celular, para fãs e clubes.

No cenário internacional, vemos stakeholders dos mais diversos indo na direção do setor. NFL, NBA e DFL (responsável pela Bundesliga, o campeonato alemão de futebol) vem investindo tempo, prioridade e dinheiro em inovação. Esta última, inclusive, criou o “DFL for Equity”, um braço de investimento em tecnologias, e adquiriu 10% de uma das mais promissoras startups israelenses, a Track160, capaz de gerar dados em tempo real dos atletas em movimento, usando apenas as imagens captadas por uma câmera comum, suprimindo a necessidade de GPS e outros recursos. Nomes como Ronaldinho Gaúcho, Michael Jordan e Andre Iguodala são exemplos de atletas que anunciaram investimentos no setor.

Diante desse contexto, vemos o mercado brasileiro como um grande potencial desenvolvedor e consumidor desta tecnologia. Já temos iniciativas relevantes como a Brazil Sports Techs, com seus eventos mensais de discussão e mapeamento do setor, temos cases incríveis em franco desenvolvimento no país como a iSportistics, que já levantou quase R$ 2 milhões em investimentos e firmou acordo com entidades globais e nacionais.

Partimos do desafio de tirar o atraso do nosso esporte em relação a sua conexão com públicos internacionais, inserindo o país no contexto necessário para manter-se relevante como conteúdo. Temos um mercado ativo de consumidores que não é abraçado pela tecnologia em seus meios de relacionamento com as marcas. Temos atletas de ponta, capazes de escalar a projeção dos produtos desenvolvidos aqui para o mercado mundial. Temos grandes empresas de comunicação e ativos valiosos de esporte para tal. Ainda faltam investimentos que motivem o setor e essa iniciativa deve vir de cima para baixo. A percepção de retorno deste setor ainda é bastante limitada e afeta a confiança de desenvolvedores. Em um mercado tão linkado internacionalmente como o que vivemos, ter a possibilidade de escalar no seu quintal torna o Brasil extremamente propício a este tipo de inovação.

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